DIUS E IMPLANTE
Os contraceptivos reversíveis de longa ação são definidos como aqueles que apresentam duração contraceptiva igual ou superior a três anos, representados pelos dispositivos intrauterinos (DIU não hormonal e DIU hormonal) e pelo implante contraceptivo. Esses contraceptivos são recomendados para todas as mulheres que desejam contracepção eficaz, incluindo adolescentes, mulheres que nunca engravidaram, no pós-parto ou pós-aborto e em comorbidades que possam caracterizar contraindicações aos métodos contendo estrogênios. Dessa forma, a grande abrangência desse método pode ser atestada pelo pequeno número de contraindicações.
- DIU Hormonal
O sistema intrauterino liberador de levonorgestrel possui um reservatório com esse medicamento e libera pequenas doses diárias no interior do útero. O início da ação do método é em 15 minutos após a inserção. No Brasil existem duas opções de DIU hormonal. Ambos têm a mesma técnica de inserção, o mesmo tipo de hormônio liberado, a mesma duração de 5 anos e taxa de eficácia semelhante (acima de 99%). As diferenças entre o MIRENA e KYLEENA são: o Kyleena é um pouco menor em comprimento, largura e espessura do que o MIRENA, o que pode ser de mais fácil inserção em pacientes que nunca engravidaram. A outra diferença é que a dose de levonorgestrel no KYLEENA é cinco vezes menor do que no MIRENA, o que é útil para minimizar os poucos efeitos colaterais dos hormônios (dor nas mamas e oleosidade na pele).
Os principais mecanismos de ação que colaboraram para se obter um contraceptivo com menos efeitos colaterais e com alta eficácia são os seguintes:
- muco cervical espesso e hostil à penetração do espermatozoide, inibindo a sua motilidade no colo, no endométrio e nas tubas uterinas, prevenindo a fertilização;
- alta concentração de levonorgestrel no endométrio, impedindo a resposta ao estradiol circulante;
- forte efeito anti-proliferativo no endométrio;
- inibição da atividade mitótica do endométrio;
- mantém a produção estrogênica, o que possibilita uma boa lubrificação vaginal.
Dentre os efeitos não contraceptivos, o MIRENA pode oferecer alternativas ao tratamento do sangramento uterino, miomas e endometriose.
- DIU não hormonal
Os DIUs não- hormonais são os DIUs de cobre ou cobre com prata.
2.1: DIU de cobre: provavelmente é o mais utilizado em todo o mundo, tem durabilidade de dez anos e segurança contraceptiva de 99%. Atualmente existem em diversos tamanhos e formatos. Por não possuírem hormônio, os DIUs não hormonais são utilizados como método contraceptivo em pacientes com contraindicação a esse medicamento ou que não desejem uso de hormônios.
O DIU de cobre age modificando o endométrio (revestimento interno do útero) e o muco do colo uterino, transformando o ambiente adverso para a ascensão dos espermatozoides e para a nidação. O DIU de cobre favorece o aumento do fluxo menstrual e das cólicas em boa parte das usuárias. Tais efeitos costumam ser bem tolerados na maior parte das pacientes. Entretanto, não costumamos indicar DIU de cobre em pacientes com fluxo e cólicas já aumentados.
2.2: DIUs de cobre com prata: o mecanismo de atuação é o mesmo. O íon prata é utilizado para estabilizar o cobre e foi introduzido no arsenal médico com a proposta de reduzir cólicas e fluxo, mas tal benefício não foi tão significativo nos grandes estudos.
- IMPLANTE SUBDÉRMICO
O implante subdérmico liberador de ENG (Implanon®) é um método contraceptivo de grande eficácia, com uma taxa de falha de 0,05%, duração de três anos, discreto, de fácil inserção. Este implante é um dispositivo plástico, com quatro centímetros de comprimento e dois milímetros de diâmetro. Os mecanismos contraceptivos do implante são principalmente a anovulação e a alteração do muco cervical, há também atrofia do endométrio e alteração da motilidade tubária , tendo eficácia em torno de 0,05%, sendo o método mais eficaz disponível no mundo.
Os principais efeitos adversos reportados pelas mulheres usuárias de Implanon, excluindo-se sangramento irregular, são: cefaleia (15,3%), mastalgia (10,2%), acne (11,4%), ganho de peso (11,8%), labilidade emocional (5,7%), e diminuição da libido (2,3%).